O casal de jovens impulsivos ficou famoso por uma
série de assaltos pelo interior dos Estados Unidos no início da década de
trinta. Uma fuga frenética pelas estradas vicinais americanas entre os anos de
1931 e 1934, com uma ampla cobertura da imprensa, quando intercalavam assaltos
e fugas espetaculares, deixou um saldo de nove policiais mortos e muitos outros
civis. O frenesi de amor e crime só parou quando ambos foram impiedosamente
cravados de balas numa estrada da Louisiana, em 23 de maio de 1934.
BONNIE
Bonnie Elizabeth Parker, foi muitas vezes
idealizada como sendo a líder da gangue, que planejava todas as ações, contudo
os registros mostram que ela era apenas uma garota extremamente influenciada
por Clyde, o verdadeiro líder da gangue, a quem ela idolatrava e seguia
cegamente. Bonnie era uma texana nascida em Rowena a primeiro de outubro de
1910, viveu nesta cidade até a morte de seu pai, Charles Parker, no último dia
do ano de 1914, quando ela contava com apenas quatro anos de idade. Sua mãe,
Emma Krause, mudou-se com as três crianças para Cement City, subúrbio
industrial de Dallas. Paradoxalmente, em meio a economia em ascenção, os
redutos industriais eram as esperanças de emprego e uma vida decente, contudo
deixavam uma grande periferia empobrecida que se enveredava pelo submundo da
criminalidade. Esta situação se agravaria muito, anos depois, na Grande
Depressão que atingiria os Estados Unidos no fim da década seguinte.
Bonnie Parker se tornou uma jovem miúda de compleição
frágil, loira, com 1,47m de altura e menos de 45 quilos. Intelectualmente a
menina costumava se destacar. Em 1922 venceu o concurso de soletrar (muito
comum nos Estados Unidos) como representante infantil de Cement City. Gostava
muito também de escrever, tendo bons trabalhos em poemas. Alguns ficaram bem
conhecidos após a sua morte, como “The Story of Suicide Sal” e “The Trail’s
End”. Muitos a consideravam uma bonequinha e logo encontrou alguém que a queria
desposar. Roy Thornton, de 16 anos, ficou apaixonado por aquela pequena menina
de cabelos curtos e cacheados, com vasto sorriso bondoso. Ela, que era do tipo
extremada e impulsiva, deixou a escola (estava no segundo ano do curso
secundário) e se casou com Thornton em 25 de setembro de 1926, pouco antes de
completar 16 anos de idade. Ele não era exatamente o futuro promissor para a
jovem; era metido com um grupinho de encrenqueiros de West Dallas. Em pouco
tempo deixaria suas intenções de soldador para realizar pequenos furtos e
roubos. Em breve Bonnie se acostumaria com seus sumiços, por estar preso ou
foragido da justiça.
A jovem arranjou um emprego de garçonete e depois
de muito tempo sem ver Thornton, desistiu definitivamente dele em 1929. O
caminho ficou aberto para sua nova paixão desenfreada, Clyde Barrow, que
conheceu em janeiro de 1930.
CLYDE
Clyde Chestnut Barrow, nasceu a 24 de março de 1909
em Telico, Texas, uma cidade próxima a Dallas. Ele foi o quinto dos sete filhos
do casal Henry Basil Barrow e Cumie T. Walker. Família que deixou o campo na
esperança de dias melhores na cidade. Clyde começou cedo sua carreira de
inconsequências; no outono de 1926 alugou um carro para ir ao Texas atrás de
sua namorada, com quem havia brigado, Eleonor Williams. Envolvido em tentar
impressionar a garota e sua mãe, não devolveu o carro, o qual havia alugado por
apenas 12 horas, e acabou preso. De volta às ruas, com seu irmão Buck (Marwin
Barrow), rapidamente achou o caminho da cadeia, sendo pego com um carro cheio
de perus roubados.
Clyde conseguiu manter uma certa regularidade de emprego entre 1927 e 1929;
contudo sua ânsia de conseguir dinheiro fácil, fazia com que sempre estivesse
metido com furtos de lojas e carros, que o levou a ser preso mais algumas vezes
e, finalmente, em 1930, foi levado para Eastham Prison Farm. Nesta prisão Clyde
amadureceu criminalmente. Conforme o relato de um interno que conheceu Clyde,
Ralph Fults, havia um prisioneiro em Eastham Prison Farm chamado Ed Crowder que
gostava de "pegar" o criminoso com cara de garotinho, o “escolar”
Barrow, e fazer sexo anal com ele. Violentado diversas vezes, Clyde Barrow pode
ter sido o responsável pelo assassinato deste sujeito, encontrado morto com a
cabeça aberta por uma chave inglesa; embora outro preso, Aubrey Scalley, tenha
assumido o crime.
Nos anos que se seguiriam, Clyde faria carreira assaltando postos de gasolina,
lojas e de dez a quinze bancos. Daria também uma fama extra a sua arma
preferida o Rifle Automático Browning modelo 1918 (BAR M1918).
BONNIE & CLYDE
Bonnie conheceu Clyde em janeiro de 1930 quando morou temporariamente na casa
de uma amiga em Eagle Ford Street, a qual ela estava ajudando por estar com o
braço quebrado. Instantaneamente iniciou uma paixão recíproca que acabou sendo
interrompida pela prisão de Clyde em Eastham Prison Farm. Eles ficariam um bom
tempo afastados, o que esfriaria bastante o relacionamento por parte de Bonnie,
mas não de Clyde, que estava preso. Para se livrar do trabalho extenuante da
prisão Clyde pediu seu amigo prisioneiro, Fults, que desse uma machadada
no seu pé, a fim de inutilizá-lo e garantir descanso no hospital. E assim
aconteceu em meados de janeiro de 1932, a machadada decepou a ponta do dedão e
do seu vizinho. A 2 de fevereiro, o intenso trabalho de sua mãe, Cumie, para
libertá-lo foi recompensado; ela conseguiu sua condicional e ele estava fora da
cadeia. Se tivesse esperado mais um pouco...
Clyde, fora da prisão, encontrou Bonnie namorando outro rapaz, Tom. Mas ao ver
Clyde novamente livre, sua ânsia por aventuras reavivou a chama do amor e ela
imediatamente se jogou em seus braços, voltando a ser sua garota. Clyde sabia
que nunca poderia dar-lhe nenhum conforto trabalhando honestamente, por isso
nem pensou em largar a sua carreira criminosa. Por outro lado saiu obcecado
para se vingar do sistema prisional. Assim se associou a Ralph Fults para
formar um grupo cujo objetivo principal seria coletar dinheiro e armamento
suficientes para fazer um ataque a Eastham Prison Farm, promovendo uma
libertação geral. A 19 de abril de 1932, durante a tentativa de furto a uma
loja em Kaufman, Texas, as coisas deram errado e a quadrilha acabou cercada.
Clyde, na primeira oportunidade, não hesitou em abandonar o seu amor e fugir.
Bonnie e Fults foram presos. Bonnie estaria solta em poucos meses, ganhando a
liberdade em 17 de junho do mesmo ano. Poucos dias depois da prisão de Bonnie
(em 30 de abril), Clyde participou de um assalto em Hillsboro, Texas, no qual o
dono da loja foi morto. Esta foi a primeira acusação de assassinato de Clyde.
No dia 5 de agosto Bonnie foi visitar sua mãe, deixando Clyde livre para fazer
asneiras. Clyde estava se embriagando com seus comparsas, Raymond Hamilton e
Everret Milligan, em Atoka Country, Oklahoma. Quando o xerife C.G. Maxwell se
aproximou, Clyde Barrow e Hamilton se apavoraram e abriram fogo. O xerife foi
ferido com sete tiros. O subxerife, Eugene C. Moore, sacou sua arma para
auxiliar o xerife já caído, mas antes mesmo que pudesse atirar foi atingido por
um tiro de espingarda e caíu morto instantaneamente. Seria o primeiro homem da
lei a morrer pelas armas da quadrilha de Clyde.
Depois deste assassinato Clyde pegou Bonnie e foram se esconder no Novo México,
na casa da tia de Bonnie, Millie Stamp. Ao perceber coisas estranhas a tia de
Bonnie não hesitou em informar a polícia. Isto resultou numa inspeção do
subxerife Joe Johns na casa da senhora. Pego de surpresa, o subxerife foi
levado e feito refém por centenas de quilômetros, sendo liberado já próximo a
San Antonio.
No fim de novembro, em Oronogo, Missouri, Clyde assaltou um banco acompanhado
de Frank Hardy e Hollis Hale. Houve reação e um intenso tiroteio. O saldo final
foi de 80 dólares, que foi dividido pelos três. No dia seguite, Clyde ficou
sabendo que o montante roubado teria sido 500 dólares. O ladrão fora roubado.
Na noite de natal de 1932 a quadrilha havia crescido. Quando tentavam
roubar um carro em Temple, Texas, William Daniel Jones, amigo do irmão caçula
de Clyde, deixou sua marca de ignorância ao atirar e matar Doyle Johnson, o
dono do veículo roubado. A Gangue de Clyde era mestre em transformar,
desnecessariamente, um delito menor num crime terrível.
A seis de janeiro de 1933, Clyde, Bonnie e Jones assassinaram o xerife
substitudo de Tarrant County, Malcolm Davis, quando eles caíram numa armadilha
policial feita para outro criminoso (Odell Chambliss).
A GANGUE BARROW GANHA NOTORIEDADE
Em março de 1933, Buck Barrow, irmão de Clyde, foi solto e logo se reuniu aos
demais, juntamente com sua esposa Blanche. Os dois casais e o solitário Jones
ocuparam um esconderijo provisório, alugando uma casa em Joplin, Missouri.
Segundo o relato de familiares, Buck e Blanche estavam lá apenas para convencer
Clyde a se submeter à justiça, pois não poderiam fugir para sempre. Ao
contrário do que pudesse ser as intenções de Buck, o grupo tinha atitudes muito
suspeitas, comprando uma grande quantidade de cerveja diariamente, em ruidosas
reuniões que, com o passar dos dias, chamou a atenção das autoridades locais e
a 13 de abril levou ao reduto uma patrulha de cinco homens. Logo começou o
tiroteio. No confronto o detetive Harry L. McGinnis foi morto e o policial John
Wesley Harryman ferido gravemente. Clyde, Bonnie, Buck, Blanche e Jones
entraram no Ford V-8 e fugiram em disparada. Blanche perdeu seu cachorro, Snow
Ball, nesta fuga. Ficaram feridos Buck (de raspão) e Jones (gravemente, o tiro
entrou pelas costas na altura da escápula e saíu pelo peito).
Na fuga,
quase todos os seus pertences ficaram para trás. Foram encontrados pelas
autoridades os papéis de livramento de Buck e a certidão de casamento com
Blanche, um grande arsenal de armas, um caderno de poesias de Bonnie e uma
máquina fotográfica; com esta, alguns rolos de filmes. Estes foram revelados
pelo jornal The Globe Joplin e renderam as muitas fotos famosas do casal de
criminosos. Em especial a foto em que Bonnie Parker aparece com um charuto na
boca e um revólver na mão, que logo correu os Estados Unidos de costa a costa
em todos os jornais. Em poucas semanas o obscuro grupo de bandidos se
transformou na gangue mais notória do país em 1933.
A SORTE MUDOU
Em maio, Bonnie e Clyde fracassaram ao tentarem
roubar um banco em Lucerna, Indiana; mas tiveram sucesso em Okabena, Minnesota.
Cometeram outros delitos como o sequestro de Dillard Darby e Sophia Stone em
Ruston, Louisiana, durante o roubo do carro de Darby. A frieza e os
assassinatos cometidos pela gangue dos Barrows deu uma fama ruim aos outros
integrantes como Raymond Hamilton, W. D. Jones, Buck Barrow e Henry Methvin.
Aos poucos a notoriedade da gangue se tornou a sua ruína, pois onde quer que se
encontrassem eram reconhecidos por seus crimes. O glamour que sugeria as fotos
publicadas em jornais não correspondia mais a realidade. Os hotéis e
restaurantes foram substituídos por acampamentos, esconderijos improvisados e
muitas noites no carro à beira da estrada. A vida emocionante e feliz fora
substituída por frustração e descontentamento.
Como resultado da maré ruim da gangue, a 10 de
junho de 1933, Clyde, conduzindo o veículo no escuro em alta velocidade, não percebeu
o sinal de alerta de uma ponte em construção, próximo a Wellington, Texas, e
mergulhou numa ravina no leito seco do rio Salt Fork. O carro rolou e capotou
jogando gasolina e ácido de bateria. Clyde e W. D. Jones conseguiram sair
embora bastante machucados, principalmente no rosto (Clyde estava com o nariz
quebrado). Quando o carro incendiou Bonnie ainda estava presa e consciente.
Gritando loucamente e pedindo para que a matassem se não conseguissem tirá-la
do fogo. Com a ajuda de dois fazendeiros Bonnie foi retirada já inconsciente.
Como resultado do acidente Bonnie Parker teve sua perna direita queimada em
terceiro grau (não se sabe ao certo se pelo ácido da bateria ou pelo incêndio
provocado pela gasolina). Sua perna estava tão ruim que no fim de sua vida mal
podia andar. Depois de
obterem a ajuda das pessoas de uma fazenda próxima e sequestrarem dois homens
da lei, os três bandidos encontraram-se, novamente, com Blanche e Buck
Barrow e se esconderam em uma estância turística perto de Fort Smith, Arkansas,
para tratar das queimaduras de Bonnie. A 23 de junho (1933) Buck e Jones,
depois de um assalto frustrado a uma mercearia, mataram o chefe de polícia de
Alma City, Henry D.
Humphrey, na estrada entre Alma City e Fayetteville. Com mais este percalço,
eles tiveram que fugir novamente, apesar do grave estado de Bonnie
Parker.
APERTA O CERCO
A 18 de julho de 1933, a gangue alugou um chalé em Red Crown, próximo a Platte
City. O grupo nunca deixou de levantar suspeitas por onde quer que passasse. As
calças largas de equitação de Blanche marcariam a lembrança de moradores locais
por anos. Quando Clyde procurou bandagens e sulfato de atropina para cuidar das
queimaduras de Bonnie, logo o xerife de Platte City foi chamado. O xerife
contactou o capitão Baxter, que solicitou reforços de Kansas City, incluindo o
carro blindado do xerife Tom Bash do condado Jackson. Às 11 horas, naquela
noite, o xerife Coffey levou um grupo de treze oficiais e mais homens da
lei armados com submetralhadoras Thompson e outras armas para os chalés.
Ocorreu um terrível tiroteio, mas a gangue conseguiu escapar. No tiroteio Buck
foi terrivelmente ferido na cabeça e Blanche ficou praticamente cega por
estilhaços de vidro decorrentes de um projetil que estilhaçou uma janela do
carro no momento da fuga.
Cinco dias depois, em 24 de julho, a gangue estava acampada em Dexfield Park,
um parque de diversões abandonado perto de Dexter, Iowa. O ferimento de Buck
era muito grave, suas bandagens ensanguentadas foram notadas pelos cidadãos
locais e logo o grupo foi cercado por agentes da lei e cerca de cem
espectadores. Novamente se encontraram sob fogo. Clyde Barrow e W.D. Jone foram
baleados, mas conseguiram escapar a pé com Bonnie Parker. Buck foi baleado
novamente, nas costas e não pode mais prosseguir, Blanche não o abandonou.
Ambos foram capturados pelos policiais. Buck morreu cinco dias depois, no
Hospital Kings Daughters em Perry, Iowa, de pneumonia, após a cirurgia.
O trio remanescente vagou por alguns estados durante as seis semanas seguintes,
fazendo pequenos roubos, apenas para se alimentar. Finalmente a 20 de agosto em
Plattville, Illinois, eles assaltaram uma loja de armas e puseram as mãos em
três BARs (Browning Automatic Rifle), armas de mão e uma grande quantidade de
munição.
No Colorado viram um jornal que dizia que eles eram procurados por ali, então
Clyde voltou para o Kansas e desceu para o Missouri e, depois, para Oklahoma e
cruzou o Mississipi.
No início de setembro, arriscaram um retorno a Dallas para verem suas famílias
pela primeira vez em quatro meses.
No final de 1933, perto de Clarksdele, Mississipi, Clyde determinou que W. D. Jones roubasse outro carro. Jones executou o serviço, mas deixou-os por conta própria e partiu para Houston onde estava sua mãe. Esta fuga lhe garantiria a vida. Depois de oito meses na gangue Barrow seus dias estavam contados. Em Houston, Jones foi preso sem incidentes a 16 de novembro.
No final de 1933, perto de Clarksdele, Mississipi, Clyde determinou que W. D. Jones roubasse outro carro. Jones executou o serviço, mas deixou-os por conta própria e partiu para Houston onde estava sua mãe. Esta fuga lhe garantiria a vida. Depois de oito meses na gangue Barrow seus dias estavam contados. Em Houston, Jones foi preso sem incidentes a 16 de novembro.
A 22 de novembro, um dia depois do aniversário de Cumie, Clyde marcou um
encontro com as famílias em uma estrada perto de Sowers, Texas. O xerife Schmid
havia montado uma emboscada e um intenso tiroteio ocorreu. Clyde e Bonnie
conseguiram escapar, mas ambos foram baleados novamente; um projétil entrou
pela porta do carro e atravessou os dois joelhos de Clyde e atingiu a perna de
Bonnie.
Nos meses seguintes Clyde executou uma série de pequenos roubos com alguns
cúmplices locais, enquanto Bonnie recebia tratamento.
Em 28 de novembro de 1933, Bonnie foi indiciada pelo assassinato de
Malcolm Davis, que ocorrera em janeiro daquele ano. Não havia mais volta
também para Bonnie Parker.
O ÚLTIMO ATO
Em 16 de janeiro de 1934 Clyde Barrow, finalmente,
realizou sua vingança contra o Departamento de Correções do Texas
orquestrando a fuga de Raymond Hamilton, Methvin Henry e vários outros, durante
o infame "Breakout Eastham" de 1934. O prisioneiro Joe Palmer,
durante a fuga, atirou no policial Major Joe Crowson; esse ato acabou por
trazer todo o poder do governo do Texas e do governo federal para dar suporte à
perseguição de Clyde Barrow e Bonnie Parker. O Departamento de Correções do
Texas, em seguida, contatou o ex-Texas Ranger, capitão Frank A. Hamer, e
persuadiu-o a aceitar uma missão para caçar a gangue Barrow. Apesar de
aposentado, Hamer tinha mantido a sua comissão, que ainda não tinha expirado.
Ele aceitou a tarefa como um oficial de patrulha Texas Highway, secundariamente
atribuído ao sistema penitenciário como um investigador especial, e dada a
tarefa específica de caçar a gangue de Bonnie e Clyde.
Frank Hamer passaria a ser a sombra da gangue, por
onde quer que ela passasse.
A 27 de fevereiro Ray, Clyde e Henry Mathvin roubaram o R. P. Henry Bank em
Lancaster, Texas. O serviço foi executado sem contratempos. Nesta época estava
junto do bando Mary O'Dare, mulher de Haymond. Ela foi o pivô de diversos
desentendimentos, principalmente com Bonnie. Depois de algumas semanas ambos
deixaram a gangue e Haymond foi preso.
Em primeiro de abril de 1934, Domingo de Páscoa,
Barrow e Henry Methvin mataram dois jovens patrulheiros rodoviários, H. D.
Murphy e Edward Bryant Wheeler, no cruzamento da rodovia 114 com a estrada Dove
perto de Grapevine, Texas. Este assassinato teve grande repercussão na mídia,
principalmente depois da noiva de Murphy ter entrado em seu funeral trajando o
vestido do casamento, o que atribuiu um caráter ainda mais dramático ao caso e
intensificou as buscas pelos criminosos.
Apenas cinco dias depois, Clyde Barrow e Methvin
mataram o policial William Campbell de 60 anos de idade, perto de Commerce,
Oklahoma. O ódio contra a gangue só aumentava. Eles sequestraram o chefe de
polícia de Commerce, Percy Boyd, levando-o em seu famoso automóvel, o Ford V8
1934, até cruzarem a fronteira do estado de Oklahoma com o Kansas, e só então o
libertaram com um patéico pedido de Bonnie Parker para dizer ao mundo que ela não
fumava charutos.
Finalmente, Bonnie e Clyde foram emboscados a 23 de maio de 1934 numa estrada
rural em Bienville Parish, Louisiana. O casal apareceu à luz do dia em um
automóvel e foram fuzilados por um pelotão de quatro oficiais do Texas (Frank
Hamer, B. M. "Manny" Gault, Bob e Ted Alcorn Hinton) e dois oficiais
de Louisiana (Henderson e Jordan Prentiss Morel Oakley).
Bonnie foi atingida 23 vezes e Clyde 25, morrendo
ambos na hora dentro de seu Ford V8 1934, roubado. O carro foi
atingido por 167 balas de diversos calibres. Não podemos dizer que eles tiveram
o que mereceram (só pensar), mas é justo afirmar que eles cavaram a própria
sepultura da forma mais insana possível.
BONNIE & CLYDE, UMA RAJADA DE
BALAS
Produzido
pela Warner Brothers Entertainment em 1967. Teve Warren Beatty atuado como produtor e
estrelando como ator principal e Arthur Penn, como diretor.
A empresa tinha tão pouca fé no resultado da
bilheteria que ofereceu a Warren Beatty, produtor novato e grande incentivador
para que o filme fosse realizado, 40% da renda total ao invés do salário normal
pago a um produtor. Seis anos depois, Bonnie & Clyde já havia
rendido 70 milhões de dólares em todo mundo e transformado Warren Beatty em
milionário.
Bonnie e Clyde despertou intensas emoções, graças as inflamadas
atuações do casal Warren Beatty e Faye Dunaway, e do fantástico elenco com
Michael J. Pollard, Gene Hackman e Estelle Parsons, vecendora do Oscar de
Melhor Atriz Coadjuvante em 1967 por sua participação neste filme. O diretor
Arthur Penn manteve a tensão constante sem crueldades (aliás omitiu muitos dos
brutais assassinatos de Clyde), com imagens fascinantes, graças ao trabalho do
fotógrafo Burnett Guffey, que ganhou o segundo Oscar do filme, e o trabalho de
montagem de Dede Allen.
O roteiro do filme mantém certa coerência com a
história real, porém dando alguns saltos a fim de caber nos 111 minutos de
filmagem. Os nomes das personagens reais são alterados, exceto da família
Barrow, Bonnie e do Texas ranger Frank Hamer. Também, próximo ao fim, foi
desprezado o terrível acidente de carro que provocou graves queimaduras em
Bonnie, as quais praticamente inutilizaram sua perna direita. No geral é um
filme muito melhor do que os tradicionais filmes de gângsteres.